Uma TV para o povo

A TV no contexto brasileiro, que se encontra em grande parte inserida numa cultura massificada, é vista como sinônimo de entretenimento. O povo, em geral, não quer uma televisão que retrate a realidade com temas sociais e políticos. A inserção da TV pública pode ser no mínimo, um alvo insignificante diante das grandes potências televisivas no Brasil. Num âmbito político, a Rede Globo possui significantes influências para continuar sendo a primeira do país.

Um canal de televisão com informações jornalísticas, acadêmicas, debates e temas culturais. A TV pública no Brasil, como as de outros países, seria o modelo perfeito com esse conteúdo relevantemente culto. Mas, qual o sentido da TV pública para um país inserido em uma cultura novelística? Como prova disso, temos exemplos reais de canais como “TV Senado” , “TV Cultura” e outros, que tornam-se insignificantes na memória dos brasileiros. A população opta por uma programação que não retrate a realidade. O papel funcional da televisão para nosso país, é de entretenimento. Quando o trabalhador pobre, analfabeto e isolado da “sociedade culta” chega em casa, quer, junto com sua família um espaço de reunião e diversão. Nesse caso, o mais viável a ele, são os programas que a TV apresenta. Isso diverte a família e as emissoras sabem disso. As novelas alcançam altos índices de audiência porque seguem essa proposta.

De acordo com o artigo “Alô, alô, TV Pública: aquele abraço” de Bernardo Kucinski, publicado no Observatório da Imprensa em 11 de setembro deste ano, a TV pública deve ter o objetivo de reproduzir informações jornalísticas, culturais, críticas e também entretenimento. “A competição da rede pública não é com a do estado, é com a da empresa privada”, afirma.

O livro “Desafios da TV pública: necessidades e caminho” de Laurindo Leal Filho, apresenta dados de uma pesquisa, na página 116, e expõe que as pessoas entrevistadas querem uma TV de qualidade, uma programação cultural e educativa. Mas apesar disso, conclui que as pessoas declaram uma coisa e na realidade fazem e desejam outra.

Quando fala-se em TV pública não pode-se deixar de aboradar também a TV digital. Na atualidade, a televisão pública associa-se a digital, pois com a chegada da nova transmissão, a TV aberta ganhará novos canais. E esses, por sua vez, pertencerão exclusivamente ao governo. O jornalista do “Estadão”, Renato Cruz, publicou em seu blog no dia 26 de setembro deste ano, um artigo intitulado “O PT e a democratização da TV”, no qual ressalta que o governo perdeu uma grande oportunidade em aumentar a pluralidade da televisão. “No lugar de reservar quatro canais para a TV Pública, sem saber nem como irá preenchê-los, poderia ter leiloado concessões em todo o País, que permitiriam a formação de novas redes de televisão”, destaca. Com essa medida, o governo acabou protegendo as emissoras vigentes, pois não terão concorrência de mesma categoria.

O grande questionamento, e para alguns preocupação, gira em torno do que será feito com esses quatro canais. O governo deverá ter cuidados no que deseja veicular na programação das emissoras para que se torne realmente uma televisão com fins públicos, e não estatal. Cruz, indaga ainda no mesmo artigo, sobre as verbas do governo para a elaboração dos programas. “Com quatro canais, a TV Pública poderia passar 32 programas em definição padrão ao mesmo tempo. Como financiar a produção de tanto conteúdo?”, questiona.

Certamente o controle do que seria veículado garantiria a boa imagem do governo em gestão. É impossível idealizar a hipótese que o governo faria uma emissora imparcial. O mandato da vez garantiria seu status e pensaria na reeleição futura, mas é claro, de forma sutil e implícita.

O que não é aconselhável ao brasileiro é a idealização de um modelo perfeito de TV pública em nosso País. Num lugar em que nem tudo o que se promete é cumprido, e que forças políticas estão acima dos bens sociais e culturais, o compromisso com o povo fica em segundo plano diante de alianças políticas. A Rede Globo manda no Brasil, dita regras, constrói, alimenta a massa do país e dirige o pensamento atravéz de suas ideologias sociais. Isso garante altos índices de audiência, pois “supre” as necessidades do povo e o mesmo garante a emissora uma fortuna crescente.

Que o governo possa então, encontar soluções para implantar uma TV que ocupe o espaço na mente da população em que as novelas estão fixadas. Elaborar projetos de programações acessiveis a “cultura inculta” do povo de massa e atingir todas as classes com conteúdos significativos para inovar a televisão brasileira. Ocupar, enfim, o posto da Rede Globo, como primeiro lugar na vida das pessoas. Infelizmente, essa idealização além de sonhadora, é no mínimo utópica.

Verdade também vende

Compromisso com a verdade ou sensacionalismo. Vender notícias verídicas sem criar o “espetáculo da mentira” certamente é uma difícil tarefa para os jornalistas. Esse comprometimento com os fatos é abordado pelo personagem Henry Hackett (Michael Keaton), no filme O Jornal, dirigido por Ron Howard.

O filme começa com dois empresários mortos dentro de um carro e uma pichação com insultos raciais na lataria. Quem encontra os corpos são dois jovens negros que estavam passando pelo local. Eles acabam sendo presos como principais suspeitos do crime. Esse acontecimento surge no dia seguinte como matéria de capa dos principais jornais, menos no The New York Sun, jornal no qual Henry trabalha. A partir disso, a equipe dele precisa definir rapidamente um “furo” para a próxima edição.

Alicia Clark (Glenn Close), diretora de Henry, sugere que o jornal publique em sua capa a matéria de um acidente de metrô com a foto de um passageiro com o braço solto. Em contraposição, o jornalista propõe algo novo sobre a morte dos empresários e acusa Alicia de sensacionalismo. Ela apenas defende-se dizendo que os leitores se interessam pelo metrô. Henry indaga a diretora se ela fizera uma pesquisa e afirma que dinheiro não é tudo.

A questão da responsabilidade com os fatos publicados e o sensacionalismo, que pode arruinar a vida das pessoas, também é debatida no filme. Alicia aceita a sugestão do jornalista, mas impõe o título da manchete de capa como “Agarrados!”. O título acusaria os jovens de serem culpados pelo crime. Henry afirma que é necessário apurar os fatos para publicá-los com autenticidade. A diretora garante que se não houver nada palpável a manchete será “Agarrados!”. Ao ser indagada sobre a possível inocência dos jovens, afirma com insignificância que hoje pode-se acusar e amanhã elogiar.

Após obter indícios da inocência dos rapazes, Henry assume a postura de “herói-jornalista” e começa a investigar o crime. Sua luta pessoal consiste em inocentar os rapazes e assumir uma postura ética para que o sensacionalismo não ocupe a página inicial do The New York Sun.

O jornalista obtém um depoimento que liberta os jovens da acusação, e após muita discussão com Alicia, o título “Não foram eles” é destaque na capa do jornal. Henry consegue dar o “furo” jornalístico. Sua matéria com a apuração verídica e bem-sucedida faz com que a história se torne interessante aos leitores e comprova que a verdade também atende ao gosto popular. Sensacionalismo ou não, o importante é um final feliz.

Ficha Técnica
Título Original: The Paper
Gênero: Comédia Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1994
Estúdio: Universal Pictures / Imagine Entertainment
Distribuição: Universal Pictures / UIP
Direção: Ron Howard
Roteiro: David Koepp e Stephen Koepp
Produção: Brian Grazer e Frederick Zollo
Música: Randy Newman
Direção de Fotografia: John Seale
Desenho de Produção: Todd Hallowell
Figurino: Rita Ryack
Edição: Daniel P. Hanley e Mike Hill
Elenco: Michael Keaton (Henry Hackett) Robert Duvall (Bernie White) Glenn Close (Alicia Clark) Marisa Tomei (Marthy Hackett) Randy Quaid (Michael McDougal) Jason Robards(Graham Keighley) Jason Alexander (Marion Sandusky) Spalding Gray (Paul Bladden) Catherine O'Hara (Susan) Lynne Thigpen (Janet) Jack Kehoe (Phil) Roma Maffia (Carmen) Clint Howard (Ray Blaisch) Geoffrey Owens (Lou)


Texto publicado originalmente no Canal da Imprensa

Caminhando

por Isis Ribeiro

Lago do Unasp

por Isis Ribeiro

Sensualmente Agora

Jornal popular com ilustrações quentes e reais. O texto "picante" que aparece sutilmente em algumas editorias não tem restrição de idade na leitura do Agora São Paulo.

Modelos seminuas, celebridades em contexto erotizado e cores chamativas que despertam desejos. Esse conteúdo extravagante não faz parte de nenhum material de revista erótica. Num conjunto sensual, o jornal Agora São Paulo chama a atenção pelas fotos das belas modelos que estampa.

A edição de número 3137, de 22 de outubro de 2007, mostra na página A2 uma foto que ocupa praticamente todo o espaço da folha. Trata-se da assistente de palco do programa Melhor do Brasil, da Rede Record, que posou de biquíni para o jornal. A fotografia recebeu o título de "O melhor filé do Brasil", sendo o vocábulo "filé" em tons vermelhos para destacar o trivial adjetivo à moça. Na nota que segue abaixo, o colunista da seção explica que a modelo pretende seguir a carreira artística e para finalizar comenta que ela pode ser o que quiser, pois é "o melhor filé do Brasil". Nessa declaração o escritor induz o leitor a pensar que ter um corpo bonito, como o da assistente, justifica qualquer ato da jovem. Em outras palavras, afirma que quem possui beleza não precisa de qualificação e conhecimento acadêmico.

Na mesma edição, o caderno de esportes Vencer exibe na primeira página uma foto do jogador do São Paulo Futebol Clube (SPFC), Jorge Wagner, em que morde uma parte da camisa e mostra seu abdômen na comemoração de um gol. A foto não foi propositalmente sensual, mas mostrou a boa forma do jogador. O editor poderia ter utilizado uma ilustração mais contextualizada, como a que foi exposta na capa. Nesta, aparece Wagner na mesma pose, porém a figura de dois colegas de equipe faz com que a fotografia não destaque tanto o corpo do jogador. Faltou bom senso por parte da editoria.

No caderno sobre o Grande Prêmio (GP) do Brasil 2007, o título da página C12 é "Beldades nos boxes". Em destaque, aparece a foto da jornalista e ex-amante do senador Renan Calheiros, Mônica Veloso, com o título "Capa da Playboy distribui beijinhos em Interlagos". O texto fala que ela foi assediada pelos torcedores, posou diversas vezes para as fotos e não se cansou de distribuir beijos aos fãs. A jornalista, como é ainda indevidamente chamada, gostou do título de "estrela" e deslumbrou-se com a fama. A ex do senador decidiu explorar suas curvas ao invés de usar seus conhecimentos acadêmicos. Certamente posar nua para uma revista masculina lhe renderá muito mais dinheiro.

Na mesma página de Mônica, está a Miss Brasil 2007, Natália Guimarães. Em uma foto que ressalta os seios, aparece em destaque na legenda a palavra "sensual" e afirma que a moça "deixou a platéia boquiaberta com sua sensualidade". Em seguida, o figurino despojado da Miss é descrito e o short curtinho com a blusa branca é comentado pela repórter.

A mídia sabe explorar essas celebridades instantâneas e fazer delas uma grande notícia. E foi assim que o jornal Agora São Paulo fez na oportunidade que teve na cobertura do GP Brasil 2007. O imerecido destaque à Mônica e o insignificante atributo à Natália foram irrelevantes diante do evento. Não mereceria a matéria de meia página que teve.

O "Carocinho da Semana"

E o carocinho dessa semana foi a modelo fotográfico, Cristina Lima, de 22 anos. Esse termo vulgar é usado na foto da coluna do jornalista Vitor Guedes, na contracapa do Agora São Paulo. Na seção, a modelo aparece nua, pois não se pode considerar como roupa o minúsculo emblema de seu time que ocupa metade de suas nádegas. Além disso, conta a experiência sexual marcante de sua vida. No final da seção, o colunista avalia: "Delícia campeã para comemorações efusivas. Frente e verso cinco estrelas". Para quem deseja participar da coluna, Guedes pede que a leitora mande uma foto sensual com a camisa do time que torce para concorrer ao título "Carocinho da Semana".

Na mesma página, o jornalista apresenta notas críticas ao esporte que envolve termos pejorativos com vocabulário grosseiro. Dirige-se ao público como "fogosa leitora e descontraidaço leitor" e utiliza períodos como, "pior do que encoxar a mãe no tanque ou espiar a filha tomar banho pela fechadura". No dicionário de Guedes, o que falta é a palavra respeito.

Em geral, nota-se que o jornal é destinado às classes D e E. Mas esse fato não permite que os colunistas e editores desrespeitem os leitores com palavras vulgares e fotos eróticas. Cabe à direção do jornal uma classificação de conteúdo para não deturpar o padrão moral da sociedade. O leitor que deseja adquirir material pornográfico deve procurar uma revista especializada no assunto, em que a venda é proibida para menores de idade. Infelizmente, alguns jornais populares apelam ao sensacionalismo e exploram a sensualidade para vender mais exemplares. Que Agora seja diferente para mudar esse conceito dos jornais de categoria popular.

Texto publicado originalmente no Canal da
Imprensa
no dia 25/10/2007

Pecados tropicais

Carícias, agarros, longos beijos e excitação. Esse conteúdo erotizado não faz parte de nenhum filme indicado para maiores de 18 anos. Na verdade, situações como estas são expostas freqüentemente na telinha de qualquer família. Basta ligar o televisor e esperar a novela começar.

"Sou 'profissa' de 'catiguria'", corrige a vulgar Bebel, interpretada pela atriz Camila Pitanga, em uma conversa com Marion ( Vera Holtz) na qual a chama de profissional do sexo. A personagem ilustrada pelos autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares na trama das 21horas, da Rede Globo, denota um perfil sensual e extravagante. Roupas curtas de cores chamativas e o clássico batom rosa choque estampado na boca despertam a atenção do público. Paraíso Tropical, que no trocadilho poderia tranquilamente se chamar "Paraíso Sexual", explora o universo lascivo na interpretação de certos personagens.

Na cama com mais um cliente, a câmera dá o "close" nas costas da personagem, que sutilmente desabotoa o sutiã. Novamente enfoca o rosto de Bebel, que demonstra gostar do que faz. Entre um expediente e outro, a moça ainda arranja tempo para satisfazer os desejos do cafetão Jader (Chico Diaz) e garantir algumas vantagens. Em um episódio, esfrega-se em seu patrão e diz: "Eu sou 'cara', tá?". Sendo assim, ganha o posto de ser "exclusiva", como a própria personagem diz, do empresário Olavo (Wagner Moura).

O vocabulário trivial empregado na novela denota o apelo sexual feito pelos autores. Expressões como "sua vadia", "cueca manera", "vagaba" e "fogo no rabo" passam corriqueiramente entre um capítulo e outro. Cenas de sexo em que a prostituta aparece na cama com o amante Olavo são mostradas de forma implícita.

As cenas sensuais escondem-se por trás das tramas policiais abordadas na novela. O grande questionamento sobre a morte de Taís (Alessandra Negrini) fez com que os capítulos quentes de Bebel passassem quase despercebidos pela mente do telespectador. Tanto que a polêmica sobre prostituição no Brasil não entrou em questão. O comércio sexual em nosso País não foi abordado, sendo que, seria esta uma grande oportunidade para debater o tema. O que Paraíso Tropical fez foi divulgar as "curvas" das belas mulheres brasileiras e propagar o tráfico para o exterior.

O jornal Extra, do dia 27 de setembro deste ano, expôs em uma nota o seguinte título: "Bebel, a princesa do povo". A matéria relata sobre a popularidade da personagem e ressalta que seu jeito bem-humorado fez até seus erros gramaticais ganharem espaço no cotidiano do povo.

Em outra trama, também da mesma emissora, a luxúria ocupa destaque entre os demais pecados. A novela do autor Walcyr Carrasco, não poupa em insinuações sensuais. Linda, rica e extravagante, a personagem Beatriz (Priscila Fantin) não economiza na sensualidade para conseguir tudo o que deseja. Mesmo se o que almeja é um homem casado, no caso, Dante (Reynaldo Gianecchini), que é seduzido após muitos planos de conquistas elaborados pela maliciosa "patricinha".

O primeiro capítulo de Sete Pecados já indicava a forma em que a luxúria atuaria. Beatriz, então namorada de Pedro (Sidney Sampaio), é flagrada aos agarros com outro homem em uma praia. A insinuação de sexo é clara, tanto que o próprio namorado esbofeteia a personagem ao assistir a cena da traição. Esse enredo fez alusão a um fato que estava sendo debatido na mídia naquele momento. Certa modelo (da vida real) fez algo semelhante com seu namorado em uma praia da Espanha e foi flagrada por um paparazzo. O mais interessante é que a avó de Beatriz diz não ter achado nada demais, assim como a avó da modelo na situação real. Esse caso comprova que valores morais e familiares estão cada vez mais deturpados diante da sociedade.

As roupas justas e curtas de Elvira (Nívea Stelmann), o figurino provocante de Ágatha (Cláudia Raia) e os modelos deslumbrantes de Rebeca (Elizabeth Savala) fazem com que o telespectador abuse da condição de pecador. No enredo da trama tem até uma anja "tarada" e obsessiva para ver a "tatuagem" do DJ bonitão. Custódia (Cláudia Jimenez) abusa de técnicas nada celestiais para seduzir Adriano ( Rodrigo Phavanello).

Sensual num país tropical

Localizado boa parte na zona da linha do equador, o Brasil possui clima tropical e temperado. Essa atmosfera, em geral, justifica o uso de roupas curtas e então, sensuais. A exposição dos corpos desperta no povo um hábito propenso a sensualidade. E isso é retratado claramente nas novelas da Rede Globo. Personagens assim marcam a história da telenovela do País. Quem não se lembra da Lurdinha de América em 2005? Cléo Pires, que interpretava a meiga e insinuante amante de Glauco (Édson Celulari), ficou conhecida pela expressão "Oi tio!", na qual conquistou o empresário e também os telespectadores. Os másculos irmãos Sardinha, interpretados por Cauã Reymond, Pedro Neschiling, Reynaldo Gianecchini, Caio Blat e Leonardo Brício da novela Da cor do pecado, exibida em 2004, também chamavam a atenção pelas roupas litorâneas e os excitantes beijos nas belas atrizes da trama.

No país do Carnaval (que também é divulgado nas novelas), os conteúdos ardentes sempre fizeram parte dos enredos das tramas. Mulheres seminuas sempre estiveram em exposição, seja a Rainha da Sucata (1990) ou até mesmo a Senhora do Destino (2004), na briga por audiência Vale-Tudo (1988). Na Indomada (1997) tendência ao erotismo, tudo pode acontecer. É só esperar e conferir.

Texto publicado originalmente no Canal da Imprensa

Ver e tocar, então crer

Todos chegaram atônitos ao anúncio que soava em alto tom que Ele, o Cristo havia ressuscitado. Mas como?- indagou Tomé, chamado Dídimo. Isso é impossível, o Mestre ressuscitou?
O discípulo descrente não confiava na palavra dos outros onze, e na verdade não crera no Deus do impossível. Seu coração repleto de ceticismo denunciava seu amor ao visível. Tudo que fosse palpável, nisto ele acreditava. Sua vida indicava traços de um cientista que usava comprovação e análise em todo conhecimento.

O apóstolo que ouvira falar da ressurreição, que fora escolhido pessoalmente por Jesus não admitiu o provável acontecimento. Nesse momento colocou suas ideologias mundanas e um orgulho demasiado acima do amor à Cristo.

Pediu para “ver” e se não bastasse queria “tocar”. Tomé necessitava da utilização dos sentidos para comprovar a informação dada por seus amigos. Sentidos que estavam acima de valores como confiança e fé. Talvez o apóstolo não admitisse o fato de não ser o primeiro a presenciar a glória do Senhor, ou que os outros soubessem mais que ele.

“... ele não quis aceitar humildemente o relato dos discípulos, mas firmemente,
e com confiança em si próprio, afirmou que não creria, a menos que pusesse os
dedos nos sinais dos cravos, e a mão no lado em que a lança cruel fora
arremessada. Nisso mostrou falta de confiança em seus irmãos. Se todos exigissem
a mesma prova, ninguém hoje receberia a Jesus, nem creria em Sua ressurreição.
Mas foi a vontade de Deus que a notícia dos discípulos fosse recebida por
aqueles mesmos que não podiam ver e ouvir o Salvador ressuscitado”, O Desejado
de todas as nações, pg. 236, Ellen G. White.

É o testemunho dos discípulos acerca da ressurreição de Cristo que traz esperança a humanidade. O sacrifício de Jesus, seu sangue derramado na cruz não adiantaria se não houvesse posteriormente a vitória sobre a morte em ressurreição. Se todos os apóstolos fossem incrédulos, se duvidassem do ressurgimento do Filho de Deus da morte, o mundo hoje não teria perspectiva de salvação e vida eterna.

Enquanto Tomé duvidava, os outros onze confiavam sem questionar. Tomé era um homem que possuía muitas dúvidas. Com freqüência indagava Jesus sobre coisas da vida e Seu ministério. No livro “O Desejado de todas as nações”, de Ellen G. White na pg. 296 Tomé é descrito da seguinte maneira: “Tomé, leal, se bem que tímido e temeroso”. Esse relato sobre sua personalidade nos faz entender que o termo “temeroso” poderia fazer com que ele se posicionasse coagido diante de uma situação, talvez sua dúvida funcionasse como uma espécie de mecanismo defensório.

Compreender o que Tomé sentia ou pensava não cabe a visão humana de entendimento. O posicionamento de Jesus nessa situação ensina o que é ter uma atitude de amor. “... na Sua maneira de tratar com Tomé, Jesus deu uma lição para Seus seguidores. Seu exemplo nos mostra como devemos tratar aqueles cuja fé é fraca, e põem suas dúvidas em destaque. Jesus não esmagou a Tomé com censuras, nem entrou com ele em discussão. Revelou-Se ao duvidoso. Tomé fora muito irrazoável em ditar as condições de sua fé, mas Jesus, por Seu generoso amor e consideração, venceu todas as barreiras. Raramente se vence a incredulidade pela discussão. Antes, isso como que a põe em guarda, encontrando novo apoio e desculpa. Mas revele-Se Jesus, em Seu amor e misericórdia, como o Salvador crucificado e, de muitos lábios antes contrários, ouvir-se-á a frase de reconhecimento, proferida por Tomé: "Senhor meu e Deus meu!"Mente, caráter e personalidade, pg. 499, Ellen G. White.

“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não
viram e creram”. João 20; 29. Sem ver ou tocar, o simples crer faz confiar nas
promessas que Ele fez. A fé modifica vidas, fortalece as muralhas da esperança e
acalenta as vitórias.

Castigo deve ter sentido lógico

Denys Borguete, Elkeane Aragão, Isis Ribeiro e Mariana Jósimo.

O castigo é um método aplicado por educadores com objetivo de corrigir uma desobediência. A punição pode ser: física, exclusão de uma atividade preferida ou privação de algo desejado. Entre os psicólogos há discordâncias. Alguns apóiam a correção física como método de educar, desde que não exagere na “dosagem”. Para outros isto é violência.

O Conselho Tutelar de Artur Nogueira define castigo físico como “maus tratos”. Na primeira vez que houver denúncia e for constatada a agressão, os pais recebem uma advertência escrita. Na segunda, ficam sujeitos à promotoria e o juiz pode recomendar o abrigo para a criança. A opinião da conselheira Márcia de Castro é que a sociedade perdeu o vínculo familiar. Os pais trabalham muito e não têm tempo para ficar com os filhos. Assim, os responsáveis pela criança e adolescente, suprem essa falta com presentes. Isto contribui para que não respeitem compromissos e regras familiares. “Os pais se sentem desrespeitados e partem para a agressão física”, declara.

De acordo com a secretária Jacira Pacheco, mãe de três crianças, a punição está ligada ao autoritarismo. “A criança tem que ser punida para aprender a respeitar as pessoas”, afirma. Já a telefonista Zilda Mesquita, mãe de três jovens, diz que o correto é não agredir a criança, deve-se explicar o porquê da repreensão. “Eduquei meus filhos da mesma forma com que fui educada, e a punição não me deixou traumas”, lembra.

O pastor José Humberto Moura diz que geralmente o castigo físico é aplicado pela impaciência dos pais e porque a criança não pode reagir. “Seria mais eficaz refletir antes de aplicar o castigo”, aconselha.

O pai solteiro Carlo Schneider, sempre conversa com seu filho de 11 anos, mostrando como agir corretamente diante das situações. Ele conta que raramente usa castigo físico. “Funciona mais privá-lo de algo que ele gosta”, explica.

Segundo a psicóloga Sandra Silva existem dois tipos de castigo: lógico e ilógico. Castigo lógico é aquele que tem sentido para a criança. Se o castigo não tiver objetivo vai prejudicar seu crescimento psicológico em todas as áreas. Ela crescerá inibida e com medo, ou rebelde e revoltada. “Ela tem que saber que o castigo restabelece uma situação ruim e deve assumir as conseqüências do prejuízo que causou”, esclarece. O contrário disso é o castigo ilógico.

Para Márcia, sociedade e governo devem se unir para alcançar soluções, promovendo projetos sociais e qualidade de vida para os pais. Além disso, a relação entre pais e filhos precisa ser restabelecida. “Antigamente, os pais brincavam com os filhos. Eu empinava pipa com o meu pai. Era maravilhoso. Hoje não se vê isso. O melhor presente que os pais podem dar aos filhos é a companhia”, conclui.

Música exerce grande poder sobre as emoções, afirma palestrante

O editor da Revista Adventista, Michelson Borges, ministrou
uma palestra nesta segunda-feira, 28, no auditório do Ensino Superior, durante
a Semana de Arte 2006. Ele abordou os efeitos da mídia sobre a mente, enfatizando o poder da música. Segundo ele, o fim do relacionamento familiar e a influências negativas sobre as crianças são algumas das conseqüências do mau uso dos veículos de comunicação.

De acordo com o palestrante, a influência dos meios de comunicação
pode moldar na pessoa um padrão de vida. Ele exemplifica isto com as mensagens subliminares – estímulos que ficam no subconsciente e que a mente não capta – contidas em produtos, filmes, novelas e outros. O editor ressalta ainda que o uso inadequado dos meios de comunicação prejudica os relacionamentos familiares, trazem influências negativas sobre as crianças e manipulam as mentes, deixando as pessoas sem liberdade de escolha.

A influência musical

Conforme o jornalista, a abordagem deste assunto para os estudantes de Educação Artística é de grande valor, pois a utilização da mídia deve ser feita de forma correta, transmitindo idéias positivas. “A mensagem subliminar é um tipo de arte, que não é usada como estética, mas com fins ideológicos ou comerciais”, afirma. Borges explica que a música, antes de passar pela razão, exerce um grande poder sobre o centro das emoções. Devido a este fato, ele salienta, deve-se prestar muita atenção ao que se ouve, pois existem músicas que despertam atitudes brutas e sensuais, induzindo à violência e sexualidade precoce.

Segundo o palestrante, o rock, por exemplo, é um ritmo musical de impacto no comportamento humano, propagando alterações na personalidade do indivíduo. Ele relata que neste caso a influência ocorre especificamente pela música e não por causa da letra.

Texto publicado originalmente no site do Diário do Campus em 30/08/06.

“Bullying deve ser erradicado da escola”, enfatiza orientadora

Durante este ano o Colégio Unasp desenvolve um projeto que visa diminuir os incidentes de bullying, termo em inglês utilizado para definir situações de discriminação, exclusão, agressão e ofensa. Esta atividade acontece anualmente no Colégio, com o objetivo de garantir o bem-estar acadêmico e social de seus alunos, tendo a auto-estima como assunto de 2007. De acordo com a orientadora educacional e coordenadora do projeto, Ingrid Merkhler, esta iniciativa pretende desenvolver nos alunos a autoconfiança e respeito ao próximo.

Segundo a coordenadora, as agressões verbais e físicas sempre existiram no ambiente escolar, mas somente há pouco tempo foi designado um termo específico para estas atitudes. “Tentar mostrar poder sobre o outro, menosprezar, invadir a privacidade e isolar o próximo são atitudes cotidianas de alguns estudantes”, ressalta.

O estudante do ensino médio, Mateus Joacir, revela que quando criança, seus colegas o humilhavam pois sua voz era aguda. “Não gosto de brincadeiras com ofensas, ninguém tem o direito de julgar o próximo”, desabafa.

A orientadora descreve um caso ocorrido no Colégio no qual um garoto, alvo de bullying, passou a ser agressivo diante de sua família. Ela afirma também que a criança ou adolescente que pratica o bullying, já foi vítima em determinado momento. “Ele faz isso para se defender, para exercer poder sobre o outro e se exaltar”, explica. O estudante do Ensino Médio, Halan Camargo, relata que já praticou brincadeiras inconvenientes com seus colegas mas não conseguiu se controlar quando estes fizeram o mesmo com ele. “Os meninos faziam uma brincadeira de dar tapas na testa e isso me ofendia. Certa vez parti para a agressão”, confessa.

Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência (Abrapia), realizou uma pesquisa em 11 escolas públicas e privadas na cidade do Rio de Janeiro. O resultado detectou que 40% dos 5 785 alunos de 5ª a 8ª séries estão diretamente envolvidos em atos agressivos na escola.

Segundo a professora do 4º ano do ensino fundamental, Tássia Barros, o educador deve ter firmeza diante de situações de bullying. “O professor deve reprovar essas atitudes, conversar com os envolvidos e explicar para toda a turma que isto é errado. O aluno deve ter a consciência de que se trata de um assunto sério”, enfatiza.

O Colégio Unasp possui um código de ética que orienta o educador nas decisões a serem tomadas diante de situações de agressão. Esse código propõe uma repreensão ao aluno e determina a sua retirada da sala de aula ou até mesmo uma suspensão, conforme a gravidade da situação. “O bullying deve ser erradicado da escola, os educadores podem adotar uma posição firme e de autoridade diante do ocorrido”, acrescenta Ingrid.

Reflexos na aprendizagem

Em alguns casos, o bullying pode afetar o estado emocional do aluno e prejudicar na aprendizagem. “Quando o estudante está com o emocional abalado, a atenção e concentração são desviadas porque o cérebro trabalha em função de minimizar esse problema. Portanto, se as emoções estão comprometidas, o intelectual não funcionará de forma adequada”, afirma a orientadora.

Para o professor de Geografia do ensino fundamental e médio, Elias Noriega, o rendimento escolar fica completamente comprometido quando o aluno sofre agressões, pois “isso prejudica o estado emocional do aluno e consequentemente afeta a assimilação dos conteúdos”, comenta.

De acordo com pesquisas realizadas pela Abrapia, além de interferir na aprendizagem, o bullying proporciona um comportamento anti-social que compromete a vida adulta, pois essas atitudes agressivas são incorporadas diante da família ou no ambiente de trabalho. “A escola deve trabalhar junto com os pais para que os traumas psicológicos não afetem posteriormente a vida acadêmica e social da criança ou adolescente”, conclui Ingrid.

Texto publicado originalmente no Diário do Campus , em junho 2007

Quem "te" chamou aqui

“Dólar comercial cai em 0,85%” e “Ipea eleva previsão de inflação para 4% neste ano”. Fatos na economia mundial acontecem a todo segundo no mundo inteiro. E compete aos jornalistas ajustar os acontecimentos diante de mudanças repentinas. Como, por exemplo, a instabilidade do dólar - que passados dois minutos da notícia acima, caiu para 0,63%.

Informações como essas são diariamente lançadas e atualizadas por editorias de economia dos principais jornais do País. Entre elas, cabe destacar o caderno de Dinheiro da Folha Online. Sua linha editorial apresenta regras para tratar com os temas de modo técnico e sofisticado e evitar o uso de jargão ou linguagem cifrada. Mas isso não ocorre. Ou ao menos, raramente evitam. Palavras como liquidez, protecionismo e contingente podem ser encontradas nas matérias feitas pelo caderno. Termos como pregão, cotas e tarifas alfandegárias são apresentados para que somente economistas e estudiosos na área apreciem com clareza, pois os cidadãos, em geral, tornam-se leigos ao assunto explícito dessa maneira. Assim, o jornal acaba delimitando seu público-alvo.

A proposta de linha editorial do Caderno de Dinheiro da Folha é inicialmente interessante, mas infelizmente não se aplica com eficácia. Mesmo pessoas que possuem certa noção sobre economia se confundem ao deparar-se com uma infinidade de números e estatísticas sucessivas. Os parâmetros jornalísticos são estabelecidos de forma limitada por parte de quem constrói as matérias.

Vocábulos repetidos continuamente desestruturam as frases, e dão a impressão de que o período já foi lido. Frases como, “por isso as montadoras que vendem utilitários apresentam depreciação maior, pois esse tipo de veículo tem maior depreciação”, da matéria “Carro equipado desvaloriza mais que básico após um ano de uso”, publicada em 18 de setembro deste ano, mostra o despreparo na construção e transmissão da informação. Além disso, a palavra “depreciação” aparece cerca de sete vezes ao longo do texto com apenas seis minúsculos parágrafos.

É notável que a Folha opte em “informar a todo instante”. O Caderno de Dinheiro apresenta um índice constante de notícias e isso faz com que se torne interessante o acesso, pois apresenta uma atualização imediata dos fatos. Empresários, economistas e investidores podem se manter informados a todo instante a partir do que é veiculado. É lamentável que haja apenas uma adequação ao índice de informações e não em relação à estrutura textual. Independente do assunto, qualidade no que se lê é imprescindível.

Visual Econômico

O uso de infográficos em cadernos de economia serve para deixar a matéria acessível para um melhor entendimento. Esse tipo de ilustração foi adotado pelo Caderno de Economia do O Globo Online, e faz com que o site seja participativo e visualmente atraente. Já na Folha Online, o uso do mesmo se limita a uma tabela com links referentes à cotação do dólar, euro, Bovespa e Nasdaq. O Estadão, em seu Caderno de Economia, também adota uma linha. Sem esse tipo de material visual, prefere dar ênfase aos acontecimentos econômicos ligados à política.

A Folha se distingue dos demais jornais por sua linha diferenciada de reportagens que é direcionada exclusivamente ao dinheiro e investimentos. Como exemplo, no dia 23 de setembro de 2007, uma das matérias intitulava “ Investidores favorecem mercados emergentes ”. Normalmente, a matéria principal do caderno tem relação direta com o leitor e mesmo que apresente forte fundamentação econômica, tenta equilibrar essa linguagem, dando uma abordagem mais próxima do público. Tanto que o caderno é chamado Dinheiro e não Economia.

Uma ênfase a esse conceito foi a adição ao jornal do suplemento semanal “Vitrine” no último domingo (22), que trata exclusivamente sobre compras no Brasil e no exterior. Esse fato faz com que comparações com outros jornais sejam desiguais. Em geral, os jornais abordam fatos político-econômicos.

Economia, dinheiro e política são assuntos cotidianos de cunho popular. Falar sobre isso requer informações sobre o assunto. E, é exatamente isso que a população espera. Entretanto com notícias claras e diretas, de fácil entendimento, que mostrem, por exemplo, os motivos da greve dos Correios ou o porquê da empresa aérea Gol investir na Bovespa. Porém, antes de tudo, que explique o significado de Bovespa.

Artigo publicado originalmente no Canal da Imprensa, em
27/09/2007