“Bullying deve ser erradicado da escola”, enfatiza orientadora

Durante este ano o Colégio Unasp desenvolve um projeto que visa diminuir os incidentes de bullying, termo em inglês utilizado para definir situações de discriminação, exclusão, agressão e ofensa. Esta atividade acontece anualmente no Colégio, com o objetivo de garantir o bem-estar acadêmico e social de seus alunos, tendo a auto-estima como assunto de 2007. De acordo com a orientadora educacional e coordenadora do projeto, Ingrid Merkhler, esta iniciativa pretende desenvolver nos alunos a autoconfiança e respeito ao próximo.

Segundo a coordenadora, as agressões verbais e físicas sempre existiram no ambiente escolar, mas somente há pouco tempo foi designado um termo específico para estas atitudes. “Tentar mostrar poder sobre o outro, menosprezar, invadir a privacidade e isolar o próximo são atitudes cotidianas de alguns estudantes”, ressalta.

O estudante do ensino médio, Mateus Joacir, revela que quando criança, seus colegas o humilhavam pois sua voz era aguda. “Não gosto de brincadeiras com ofensas, ninguém tem o direito de julgar o próximo”, desabafa.

A orientadora descreve um caso ocorrido no Colégio no qual um garoto, alvo de bullying, passou a ser agressivo diante de sua família. Ela afirma também que a criança ou adolescente que pratica o bullying, já foi vítima em determinado momento. “Ele faz isso para se defender, para exercer poder sobre o outro e se exaltar”, explica. O estudante do Ensino Médio, Halan Camargo, relata que já praticou brincadeiras inconvenientes com seus colegas mas não conseguiu se controlar quando estes fizeram o mesmo com ele. “Os meninos faziam uma brincadeira de dar tapas na testa e isso me ofendia. Certa vez parti para a agressão”, confessa.

Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência (Abrapia), realizou uma pesquisa em 11 escolas públicas e privadas na cidade do Rio de Janeiro. O resultado detectou que 40% dos 5 785 alunos de 5ª a 8ª séries estão diretamente envolvidos em atos agressivos na escola.

Segundo a professora do 4º ano do ensino fundamental, Tássia Barros, o educador deve ter firmeza diante de situações de bullying. “O professor deve reprovar essas atitudes, conversar com os envolvidos e explicar para toda a turma que isto é errado. O aluno deve ter a consciência de que se trata de um assunto sério”, enfatiza.

O Colégio Unasp possui um código de ética que orienta o educador nas decisões a serem tomadas diante de situações de agressão. Esse código propõe uma repreensão ao aluno e determina a sua retirada da sala de aula ou até mesmo uma suspensão, conforme a gravidade da situação. “O bullying deve ser erradicado da escola, os educadores podem adotar uma posição firme e de autoridade diante do ocorrido”, acrescenta Ingrid.

Reflexos na aprendizagem

Em alguns casos, o bullying pode afetar o estado emocional do aluno e prejudicar na aprendizagem. “Quando o estudante está com o emocional abalado, a atenção e concentração são desviadas porque o cérebro trabalha em função de minimizar esse problema. Portanto, se as emoções estão comprometidas, o intelectual não funcionará de forma adequada”, afirma a orientadora.

Para o professor de Geografia do ensino fundamental e médio, Elias Noriega, o rendimento escolar fica completamente comprometido quando o aluno sofre agressões, pois “isso prejudica o estado emocional do aluno e consequentemente afeta a assimilação dos conteúdos”, comenta.

De acordo com pesquisas realizadas pela Abrapia, além de interferir na aprendizagem, o bullying proporciona um comportamento anti-social que compromete a vida adulta, pois essas atitudes agressivas são incorporadas diante da família ou no ambiente de trabalho. “A escola deve trabalhar junto com os pais para que os traumas psicológicos não afetem posteriormente a vida acadêmica e social da criança ou adolescente”, conclui Ingrid.

Texto publicado originalmente no Diário do Campus , em junho 2007

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