Cachorro na Academia

Por ser ao ar livre, a presença inusitada de alguns "amiguinhos" é inevitável

por Isis Ribeiro

Academia ao ar livre

A academia ao livre de Artur Nogueira é o mais novo investimento da cidade


Por Isis Ribeiro

É hora de malhar!

Malhação vespertina na Praça Municipal de Artur Nogueira

por Isis Ribeiro

Ipê Roxo

As flores do Ipê Roxo enfeitam a cidade de Artur Nogueira, no interior de São Paulo.

por Isis Ribeiro

Palhaçada na tevê

Atenção, senhoras e senhores! Está no ar, mais um besteirol brasileiro. Acompanhe em sua casa, mais de mil palhaços no telão. Sem esquecer a pipoca e o guaraná, pra ajudar na digestão das piadas sem noção.

No palco da comédia, as atrações variam. Entre os programas de humor na televisão, a disputa pelo sorriso e audiência é notório. Mesmo que seja na sutil e sensual cerca que “esconde mostrando” Rosinha (Miryan Martin) no Zorra Total ou no apelo bizarro de Didi Mocó (Renato Aragão) ao interpretar um personagem que repete incansavelmente, “Didizinho fez totô”, na Turma do Didi.

Entre as visitas célebres de Edu (Renato Rabello) no Zorra Total da Rede Globo, no dia 7 de junho de 2008, estava a atual Mis Brasil em um modelito sensual e extravagante. A bela que pronunciou poucas palavras foi censurada pela apaixonada Junia (Samantha Schmutz) caracterizada de “Juninho”. Na briga por Edu, Juninho vence ao estragar o affair. Após, Junia garante em tom superior: “Esse é meu!”. Essa frase é repetida em todos os finais do quadro no programa, mas Junia permanece sozinha. Previsivelmente, no próximo programa, Edu aparecerá com uma nova beldade, pois o que realmente importa - para o ibope da emissora - são as curvas sensuais das artistas convidadas.

E enquanto isso, no mar da “Marmelândia”... Piadas toscas e inconvenientes! O quadro do Zorra, surgiu para preencher a grade televisiva com humor nada criativo. E por aí vai... Desde a ex-prostituta emergente que insiste em chamar seu assessor de “Graube” até as violentas tranças da infantil Abadia.

Na corda bamba do riso, falta o equilíbrio sensato de programas como a Turma do Didi da Rede Globo. O programa que vai ao ar no meio dia, é direcionado às crianças. Mas, parece que os roteiristas e diretores esqueceram-se disso. Apelos expressivos ao sensualismo e violência estão presentes nos episódios. O irreverente Didi sempre consegue o que deseja, mesmo que utilize métodos desonestos e violentos. Os alvos freqüentes são os colegas de programa que são agredidos e ridicularizados. Assim, a resposta destes se faz quase constantemente com uma cruel cena de vingança.

No trampolim da audiência

Os programas de humor da tevê brasileira se caracterizam pela exploração do corpo feminino, violência e raramente por quadros que representam a situação sócio-econômica do País. Na briga por audiência, o que importa é garantir um telespectador assíduo às programações cômicas da emissora.

Em último plano, está o interesse em transmitir conteúdos relacionados aos fatos atuais da sociedade, da política e economia. O decreto principal é fazer com que os telespectadores se transportem para um mundo imaginário e distante dos acontecimentos reais. Se a realidade apresenta fatos difíceis, os programas de humor tentam fazer com que as pessoas esqueçam isso. Mas se transportar para uma fantasia coberta de sensualismo e valores deturpados pode ter graves conseqüências e causar alienação.

Palhaçada de qualidade

Apesar de tudo, existem programas que mesmo com a exploração do irreal, apresentam dados que procuram associar aos acontecimentos concretos. Um exemplo é o programa Custe o Que Custar, o CQC da Rede Bandeirantes. Os repórteres entrevistam pessoas célebres como políticos e artistas e fazem perguntas inusitadas, o que os demais repórteres jamais perguntariam. Fatos polêmicos são debatidos. No programa do dia 9 de junho de 2008, os apresentadores denunciaram de modo irreverente o superfaturamento do governo federal na compra de merenda escolar.

O humor com qualidade do personagem João Plenário de A Praça é Nossa do SBT, transmite parte da opinião popular referente aos políticos. O ator Saulo Laranjeira ilustra detalhadamente um político corrupto.

Não muito distante disso, o Casseta e Planeta da Rede Globo, aborda de modo sutil e indireto os fatos relacionados aos problemas do País. Com charges bem humoradas dão as “alfinetadas” nos políticos e alertam o público para problemas reais. No episódio do dia 10 de junho, a “inflação” foi caracterizada pela atriz Cláudia Rodrigues. Na chamada da matéria, um dos “cassetas” destaca: “A inflação está de volta no Brasil!”. Em outra charge do mesmo episódio, o protesto é em prol ao meio ambiente. Contra o desmatamento da floresta Amazônica, os atores anunciam: “Liquidação Total na Amazônia!” e “Promoção de árvores e animais...”. O humor bem trabalhado no emprego do protesto desperta a atenção dos telespectadores para um problema ambiental grave.

O reverente público espera que no trapézio da alegria, possa haver a certeza de acrobacias mais ousadas que não limite as reivindicações célebres de um País que sorri, mesmo com motivos para chorar.



Texto publicado originalmente no Canal da Imprensa

Pororoca Espetacular

O cenário é o pôr-do-sol do Rio Araguari no Amapá. A trilha sonora para a cena do sol que reflete na água é uma sinfonia harmoniosa com um suspense encantador. As vozes sutis dos repórteres Regis Rosing e Glenda Kozlowski compõem a cena mística que se instala na ocasião. A reportagem do mês de dezembro de 2007 do Esporte Espetacular da Rede Globo, fala sobre a onda gigante que acontece no encontro do Rio com o Oceano, conhecida como “Pororoca”, recebe toques misteriosos.

Os repórteres continuam a viagem na busca do fenômeno “extraordinário e invencível”, como assim descrito inicialmente pelo apresentador do programa, Tino Marcos. No barco, com muitas redes de descanso, o passeio segue por 26 horas até o momento em que o mesmo encalha na areia. Com o risco do barco tombar, Rosing narra: “Enquanto passamos pelo drama, a natureza tenta nos acalmar e o silencio aos poucos vai tomando conta da mata”. Outras citações ao decorrer da reportagem exaltavam a Pororoca como algo ameaçador e indistrutível. Ao se deparar com a Onda de três metros de altura, Glenda confessa medo, mas garante que a natureza iria lhe ajudar.

A pretensão de Rosing em destacar o acontecimento do imprevisto na viagem e transformá-lo em algo impactante foje ao foco principal da reportagem. O insinuante clima místico imposto naquele momento possibilita ao telespectador fantasiar sobre possíveis “poderes” sobrenaturais da floresta. Isso destoa do caráter descritivo, real e suscinto de uma reportagem. A natureza não tem o poder de acalmar ou ajudar alguém, ela simplesmente existe e as fantasias humanas referente a ela não cabem em uma reportagem sobre o surfe praticado na ocasião.
O misticismo pode ser entendido como uma religião. Muitos o entendem como uma seita ou então, como algo que transmite sensações internas e agradáveis.

A linha editorial do Esporte Espetacular consiste em reportagens e entrevistas referentes ao esporte. Desse modo, não cabe “enfeitar” a programação com coisas que destoam da realidade esportiva. Às vezes, a fim de inovar, a criatividade é forçada e não se encaixa no contexto, na real essência.

O fato surpreendente da matéria se faz quando o surfista, Sérgio Laus, que disputava o Campeonato de Surfe na Pororoca, fratura uma vertebra em razão da força das águas do Rio Araguari. Os repórteres poderiam explorar mais esse fato e mostrar os fatores que fazem a onda ter grande impulsão. Outro aspecto interessante seria informar os truques contra acidentes utilizados por outros surfistas.

Na seqüência, um surfista bate o próprio recorde de tempo em cima da onda gigante. Após, os repórteres entregam o prêmio do recordista. Uma enorme Mandala indígena. Na cerimônia, Glenda diz: “Essa Mandala é para proteger e abençoar o recordista mundial nos próximos desafios”. A crença no sobrenatural novamente se faz presente nesse momento e a supertição é exaltada.

Na finalização da reportagem, Rosing e Glenda ressaltam o que a onda lhes ensinou e afirmam que ela (a Pororoca) deseja que todos vivam em paz e que possam assumir o papel do semelhante. Esse desfecho harmônico, com pitadas românticas não significa nada. Uma onda não ensina, o que pode acontecer é o ser humano aprender lições a partir de vivências ocorridas no momento em que teve contato direto com pontos determinados da natureza. Isso poderia ser interpretado de outra forma, pois o termo “a onda ensinou” pode ser também uma figura de linguagem. Mas a cena e a expressão dos repórteres mostram claramente a intensão de mistificação para o momento.

Mágica, mística, fenomenal ou simplesmente natural, apesar disso tudo, a Pororoca do Rio Araguarí prova que no Brasil existe a Onda Espetacular.


Texto publicado originalmente no Canal da Imprensa