Informação com propriedade

O Jornalismo policial mostra o cotidiano. É um espelho que reflete a realidade dos acontecimentos. A “editoria dos desastres”, como é popularmente chamada pelos leitores, difere-se das demais pelo poder de repercussão diante da população. E para informar de modo adequado cabe ao jornalista policial um conhecimento de termos específicos usados na área de policia. Para isso, além da experiência adquirida no âmbito do trabalho, um manual de consulta facilita a condição do repórter. No Brasil, o Manual do Repórter de Polícia, de Marco Antônio Zanfra ajuda os jornalistas na elaboração das reportagens.

Zanfra atuou durante quinze anos na editoria e expõe com fundamentos práticos diversas dicas para jornalistas iniciantes no ramo. Atualmente, Zanfra é Assessor de Imprensa do Departamento de Trânsito de Santa Catarina, Detran.

Canal da Imprensa-Comofoi o início de sua carreira no jornalismo policial?

Marco Antônio Zanfra- Quando estava no último semestre da faculdade, comecei a trabalhar na parte de revisão da Folha.Meses após passei a trabalhar na editoria de polícia. Não era o meu ideal de profissão, mas gostei.

C.I- Quanto tempo você atuou nessa área?

Zanfra- No total, foram 15 anos.

C.I- Você enfrentou alguma dificuldade na profissão?

Zanfra- Não tive dificuldades no trabalho, o que tive foram conseqüências. Certa vez, entrei em um hospital para entrevistar um garoto e o diretor do hospital prestou queixa por invasão a domicílio. Fui condenado a seis meses de prisão. Outra conseqüência foi quando virei refém em uma rebelião do presídio juntamente com outros repórteres.

C.I -Houve alguma experiência que marcou sua carreira durante o tempo em que trabalhou na editoria policial?

Zanfra- Foram muitos anos na editoria de polícia, é difícil relatar algum fato marcante, porque tiveram vários. Mas os acontecimentos que envolvem crianças sempre mexem com os sentimentos.

C.I - Você recebeu alguma ameaça durante os anos de profissão?

Zanfra- Não recordo de ter sofrido vinganças e nem ameaças.

C.I - Qual a diferença do jornalismo policial para as demais editorias?

Zanfra- O Jornalismo Policial mexe com pessoas e com os sentimentos delas. É um modo de jornalismo mais amplo e profundo.

C.I - O que você acha do modo que as mídias retratam os fatos policiais?

Zanfra- Atualmente existe muito despreparo, falta de experiência e objetividade na cobertura dos fatos policiais. Os repórteres deveriam seguir uma linha de raciocínio nas coberturas, para obter uma investigação mais minuciosa.

C.I - Qual o limite entre o sensacionalismo e uma abordagem na íntegra dos casos policiais?

Zanfra- Todos os casos policiais são sensacionalistas, pois o fato é “sensacional”, é algo que chama a atenção. O sensacionalismo apelativo se faz quando fatos que não são de interesse público ganham destaque pela mídia.

C.I - Quais os atributos que um jornalista deve ter para ingressar na área policial?

Zanfra- Gostar da área. Fazer jornalismo policial sem gostar, faz com que o repórter se limite em simplesmente copiar o boletim de ocorrência ou buscar as informações básicas que a polícia passa.

C.I - Os jornalistas recém formados estão preparados para atuar em uma editoria policial?

Zanfra- Nunca tiveram preparados. Antigamente aprendia-se com a prática, fazia polícia para aprender a trabalhar. Agora não existe mais estágio específico nessa editoria.

C.I- Você é autor do “Manual do Repórter de Polícia”. Por que a iniciativa de fazer um manual assim?

Zanfra- A iniciativa surgiu a partir dos erros dos jornalistas na área. Repórteres sem experiência cometiam erros porque não tinham interesse em aprender e não tinha referências, um livro para consulta. Assim, deixavam de checar a informação.

C.I - Que nível de conhecimento sobre legislação deve ter um jornalista policial?

Zanfra- O jornalista deve ter um nível básico de conhecimento. Ele deve entender, por exemplo, que o crime faz parte do código penal. O jornalista policial trabalha com legislação, então deve assimilar isso.

C.I - Existem no Brasil mais manuais que orientam os repórteres policiais?

Zanfra- Este foi o primeiro manual nessa área e acredito que não existem outros manuais dirigidos a repórteres policiais no País.

C.I - Você pretende lançar outros livros sobre o assunto?

Zanfra- Não. Estou distante da área, não exerço mais a profissão de jornalista policial há cinco anos. Um material sobre esse assunto no momento, ficaria um pouco superficial. Quando redigi o Manual do Repórter de Polícia, estava vivenciando a profissão.

C.I - Como você define o jornalismo policial da atualidade?

Zanfra- O jornalismo policial deixou de ser especializado, portanto está sujeito a falhas e falta de objetividade. O repórter dessa área deve ter um raciocínio policial para obter o sucesso nas investigações. Para isso é necessário, além de ler o manual de polícia, vivenciar a realidade da profissão.

Texto publicado originalmente no Canal da Imprensa

O toque de “recolher” a memória

São dezessete horas e o silêncio assombra a cidade. Ruas desertas, lojas fechadas, escolas vazias. O caos se instala em todo estado de São Paulo e o cidadão amedrontado tranca-se em sua própria casa. Lá fora a possibilidade da destruição corrompe o lugar.

“É guerra!” alguns dizem, outros preferem acreditar em uma solução para o que está acontecendo, confiam na justiça e esperam...
A violência tornou-se algo rotineiro e muitas pessoas ainda ilustram nosso país como “terra tropical” de “encantos mil”, vendendo uma imagem falsa para os outros e para si mesmo.

É difícil sim, é muito difícil admitir que o lindo país do futebol e do carnaval está em plena Guerra Civil. Os bandidos já garantiram espaço no governo e na mídia.

Este comando, muito bem organizado, denominado PCC atua com rapidez e destreza. A força destes bandidos surpreende o Comando Militar que encontra-se despreparado e os resultados são os piores: cidadãos e policiais vitimados da crueldade humana e da desorganização governamental.

Amanheceu e tudo passou... As pessoas voltam à rotina. Lojas, escolas, empresas, tudo está normalizado, mas o que aconteceu mesmo com o PCC?! E a organização nos presídios continua a mesma?! E os cidadãos que pagam impostos, que alimentam esses bandidos na cadeia, será que podem confiar na segurança pública?!

O assunto do momento é a Copa do Mundo, e o ocorrido a menos de um mês no estado já não ocupa mais espaço na mídia e nem na memória da população. O jogo do governo e da mídia de maquiar a situação do caos obtém sucesso. A peça fundamental deste jogo, o cidadão, continua aceitando uma felicidade momentânea e acreditando que ainda vive no país de “encantos mil”.

Texto elaborado em junho de 2006.

A educação brasileira

Os índices atingidos no teste do Programa Internacional de Avaliação de Alunos ( Pisa) em 2006, realmente comprovam o grande déficit do Brasil na educação. O último lugar adquirido no exame reflete a desorganização e a péssima administração político-social do lugar.

Este país é pobre de “cultura”, pois esta mesma palavra se torna sinônimo de festas e futebol. Em nível mundial é transmitido um perfil de pessoas ignorantes. As mulheres são belas, mas fúteis e os homens másculos, mas intelectualmente inábeis.

O governo prefere investir na “cultura” do que na educação e isso resulta em alunos que não aprendem e professores despreparados e desmotivados. O ambiente em sala de aula é massacrante, e falar “pobrema” no lugar de “problema” se tornou comum e bonito, visto que até o presidente pronuncia erroneamente.

Ao comparar o Brasil com países europeus de alto nível intelectual, deve-se sentir profunda vergonha, mas isso não acontece. O brasileiro se orgulha da cultura de massa de seu país e visivelmente não se importa com a condição acadêmica que apresenta.

Seguindo uma visão ampla da sociedade brasileira e nas mais elevadas pretensões em obter uma solução para esse agravante social, a reestruturação política, educacional e cultural seria positivamente grandes fatores para alçar em busca de melhores condições de ensino para o Brasil.

Cheio de amor

Isis Ribeiro e Rodrigo Colissi

“...Ele me desperta todas as manhãs...” Is. 50:4.
“De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando” Sl. 5:3.

Uma das maiores necessidades do ser humano é sentir-se amado. Quando isso não é primazia pode resultar em uma vida de fracassos, desespero, angústia, solidão, sem experimentar o sabor da vitória e nem ao menos expressar um sorriso. É assim a vida de pessoas sem o amor. Porém, esse quadro pode mudar radicalmente quando acontece a descoberta que todos podem amar alguém e que principalmente alguém pode retribuir esse amor.

Existe o amor entre marido e mulher, entre paqueras, amigos, irmãos, entre o dono e seu animalzinho de estimação, o amor de pai e mãe com o filho ou do filho com os pais. Porém, nunca encontraremos um amor tão extraordinário como o expresso de Deus pela humanidade. O impressionante é que este amor vem sem merecer, sem fazer esforços e nem ao menos procurar retribuí-lo. E este magnífico sentimento divino se renova sobre nossas vidas a cada manhã (Rm. 5:5-11). “Temos de crer que fomos escolhidos por Deus para ser salvos pelo exercício da fé, mediante a graça de Cristo e a operação do Espírito Santo; e cumpre-nos louvar e glorificar a Deus por tão maravilhosa manifestação de Seu imerecido favor. É o amor de Deus que atrai a alma a Cristo, para ser graciosamente recebida e apresentada ao Pai. Pela obra do Espírito Santo, renova-se a relação divina entre Deus e o pecador.” (E Recebereis Poder, MM 1999, pág. 41).

A cada dia o Espírito Santo se empenha em convencer de que todos são inteiramente dependentes da graça de Cristo e de que devem Nele depositar a fé e a certeza de salvação. O sacrifício de Cristo é um ato salvífico, porém sem o trabalho do Espírito Santo este ato já teria sido esquecido pela humanidade. E todos viveriam sem a noção do quanto há um empenho diário pela preservação do homem por parte de Deus. Se a humanidade fosse deixada escusa do trabalho do Espírito Santo, possivelmente ninguém viria habitar as mansões celestiais prometidas por Cristo, pois dificilmente O procurariam por si próprios. O fato da obra do Espírito Santo ter como função principal convencer o homem da necessidade do perdão do Pai - que se dá através da aceitação do sacrifício de Jesus - é a maior prova do empenho diário da Trindade pela salvação e manifestação constante da renovação de Seu amor. Isto exige esforço para uma reconsagração e conversão diária. Negar o eu e deixar que Cristo habite na vida (Gl. 2:20).

“A unidade com Cristo depende da renovação mental pelo Espírito Santo. Somos assim fortalecidos a andar em novidade de vida, recebendo de Cristo o perdão de nossos pecados. Aquele que possui aquela fé que opera pelo amor e purifica a alma é um vaso purificado, santificado e útil para uso do Mestre”. (Este dia com Deus, MM 1980, pág. 148). Uma das melhores maneiras de firmar nos caminhos de Deus é empenhar-se em alguma tarefa ou ministério dentro da igreja e colocar em prática os dons que recebe gratuitamente como presente divino. Então se manifestará no coração do indivíduo um senso de utilidade própria como instrumento para uso na obra comissionada pelo Mestre. A melhor maneira de exercitar qualquer dom é pedir auxílio, direção e coordenação do Espírito Santo para a manifestação do amor pelo próximo e declaração de gratidão pelo amor demonstrado primeiro por Deus.

A cada dia e a cada instante deve-se repetir a oração de Davi: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” (Sl. 51:10). Desta forma torna-se mais próximo o ideal de seguidores de Cristo. Não pode o ser converter-se e desejar manter os mesmos sentimentos e hábitos anteriores, que possuía quando levava uma vida longe dos pés do Senhor. Uma conversão assim não pode ser reconhecida como genuína. Todo aquele que passa pela verdadeira mudança, a manifesta no testemunho diário, nos atos, olhares, palavras, andar, modo de vestir-se e até no modo de alimentar-se. As coisas anteriores lhe incomodam agora e sente tristeza pelos feitos durante a vida de escuridão. A oração diária e a comunhão com Deus permitem que o Espírito Santo se manifeste e esculpe no coração a verdade.

Ele deu o maior amor já existente e agora pede apenas a aceitação. Deus convida para a aceitação diária de Seu amor, pede a renovação da vida e quer as faces dirigidas para a única verdade. Mas mesmo assim, esse amor pode ser negado, pois o mundo é coagido pelo pecado, e ao negar o amor de Deus renuncia-se Sua verdade e Suas promessas.

Que esse amor possa fazer parte intensamente de todo viver e que o testemunho seja resplandecente aos olhos dos sedentos do amor de Cristo. “Os que são participantes do amor de Cristo pela aceitação da verdade evidenciarão isso fazendo diligentes e abnegados esforços para transmitir a mensagem do amor de Deus aos que estão em erro”, (Este dia com Deus, pág. 270).

A Lei na Folha

Atitudes, movimentos ou idéias. Todos os atos são regidos por leis. Seja um simples pensamento ou até mesmo uma ação mais ousada. A sociedade global obedece constantemente os paradigmas das regras conferidas, que podem ser de cunho religioso, social, acadêmico ou então, constitucional. E o jornalismo não foge disso. No Brasil existe a Lei de Imprensa. Promulgada em 1967 durante o período de Ditadura Militar, a Lei vigora até os dias atuais.

Recentemente ressurgiu um projeto que visa banir a presente Lei e adotar medidas menos ditatoriais. A própria imprensa dividiu-se com opiniões diversas e muitas polêmicas. A Folha de São Paulo, por exemplo, foi um pouco além, mas claro, manteve o caráter informativo e expôs ao leitor detalhes sobre o assunto.

No dia 21 de fevereiro deste ano, a Folha publicou a notícia de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, concedia uma liminar provisória para a revogação da Lei de Imprensa. Na matéria, o ministro alega que a lei regula a liberdade de pensamento e informação. Em citação, Britto dispara: "Imprensa e democracia, na vigente ordem constitucional brasileira, são irmãs siamesas". Essa afirmação pode denotar certo caráter apelativo ou ríspido. Comparar a liberdade de Imprensa com a democracia do Brasil realmente é algo forte. Num País em que democracia significa - para a grande massa - um simples poder de voto, denota a liberdade de Imprensa como algo democrático e de fácil resolução, algo da escolha da população. Mas as opiniões, seja na classe jornalística ou não, se divergem. Haverá limites para a liberdade?

Assunto delicado que exige dos veículos muita cautela ao retratá-lo. Informar sobre os fatos é o mais sensato. Mas o cuidado deve estar também nas entrelinhas da informação para não apresentar caráter sugestivo, às vezes num simples depoimento. Como no caso anterior. Mesmo sem intenção por parte da Folha, a afirmação do ministro pode transmitir ao leitor uma posição firmada e sugerir que a atual Lei de Imprensa manipula a liberdade da classe jornalística.

No dia seguinte à matéria anterior, a Folha estampa o título: "Serra diz que Lei de Imprensa é ‘produto genuíno da ditadura’". A notícia compara a Lei de Imprensa nos dias atuais e nos tempos de Ditadura Militar. A opinião do governador do estado de São Paulo ganhou ênfase pela editoria da Folha. Certamente ele é uma pessoa pública notável e sua opinião é relevante. Mas o jornal destacou de maneira astuta. Em determinado trecho, Serra diz que "A ditadura não tinha a menor simpatia pela imprensa livre e tratou de combatê-la e inibi-la com os meios à sua disposição. Um deles foi, exatamente, a Lei de Imprensa, nascida para cercear a informação e a crítica".

Juntamente com os citados segue outros títulos relativos ao assunto publicados na Folha: "Liminar suspende partes da Lei de Imprensa" e "Maior parte das democracias tem lei específica".

O modo como a Folha utilizou as informações deve levar a uma reflexão mais minuciosa. Todas as notícias mostraram opiniões e fatos que induzem o leitor a pensar apenas de uma maneira: a Lei de Imprensa inibe a liberdade de expressão. Atitude na qual é parcial. Faltou na Folha expor mais a opinião da população sobre o assunto, isso seria democracia. O outro “lado da moeda”, ou seja, a opinião de comunicadores que aprovam e convivem com a Lei de Imprensa também faltou. Isso seria parcialidade.

O jornalista e advogado Vinícius Laner, em artigo publicado no site UOL, coloca o assunto em debate e diz: "A Lei de Imprensa brasileira é detalhista ao tratar da responsabilidade do jornalista. Regulamenta o direito de resposta, caracteriza os crimes de imprensa e estabelece as penalidades e indenizações cabíveis. Então, a discussão da nova Lei de Imprensa centra-se nesses aspectos".

A antiga lei, uma nova Lei de Imprensa ou então a antiga reformulada, pode ser também uma nova lei das novas. O que importa é um consenso ou bom senso para fazer um jornalismo de compromisso, prestador de serviço e imparcial. Na Folha pode haver rabiscos, mas nunca rasuras que desonre a estrutura do "primeiro jornal em tempo real".


Texto publicado originalmente no Canal da Imprensa