Ver e tocar, então crer

Todos chegaram atônitos ao anúncio que soava em alto tom que Ele, o Cristo havia ressuscitado. Mas como?- indagou Tomé, chamado Dídimo. Isso é impossível, o Mestre ressuscitou?
O discípulo descrente não confiava na palavra dos outros onze, e na verdade não crera no Deus do impossível. Seu coração repleto de ceticismo denunciava seu amor ao visível. Tudo que fosse palpável, nisto ele acreditava. Sua vida indicava traços de um cientista que usava comprovação e análise em todo conhecimento.

O apóstolo que ouvira falar da ressurreição, que fora escolhido pessoalmente por Jesus não admitiu o provável acontecimento. Nesse momento colocou suas ideologias mundanas e um orgulho demasiado acima do amor à Cristo.

Pediu para “ver” e se não bastasse queria “tocar”. Tomé necessitava da utilização dos sentidos para comprovar a informação dada por seus amigos. Sentidos que estavam acima de valores como confiança e fé. Talvez o apóstolo não admitisse o fato de não ser o primeiro a presenciar a glória do Senhor, ou que os outros soubessem mais que ele.

“... ele não quis aceitar humildemente o relato dos discípulos, mas firmemente,
e com confiança em si próprio, afirmou que não creria, a menos que pusesse os
dedos nos sinais dos cravos, e a mão no lado em que a lança cruel fora
arremessada. Nisso mostrou falta de confiança em seus irmãos. Se todos exigissem
a mesma prova, ninguém hoje receberia a Jesus, nem creria em Sua ressurreição.
Mas foi a vontade de Deus que a notícia dos discípulos fosse recebida por
aqueles mesmos que não podiam ver e ouvir o Salvador ressuscitado”, O Desejado
de todas as nações, pg. 236, Ellen G. White.

É o testemunho dos discípulos acerca da ressurreição de Cristo que traz esperança a humanidade. O sacrifício de Jesus, seu sangue derramado na cruz não adiantaria se não houvesse posteriormente a vitória sobre a morte em ressurreição. Se todos os apóstolos fossem incrédulos, se duvidassem do ressurgimento do Filho de Deus da morte, o mundo hoje não teria perspectiva de salvação e vida eterna.

Enquanto Tomé duvidava, os outros onze confiavam sem questionar. Tomé era um homem que possuía muitas dúvidas. Com freqüência indagava Jesus sobre coisas da vida e Seu ministério. No livro “O Desejado de todas as nações”, de Ellen G. White na pg. 296 Tomé é descrito da seguinte maneira: “Tomé, leal, se bem que tímido e temeroso”. Esse relato sobre sua personalidade nos faz entender que o termo “temeroso” poderia fazer com que ele se posicionasse coagido diante de uma situação, talvez sua dúvida funcionasse como uma espécie de mecanismo defensório.

Compreender o que Tomé sentia ou pensava não cabe a visão humana de entendimento. O posicionamento de Jesus nessa situação ensina o que é ter uma atitude de amor. “... na Sua maneira de tratar com Tomé, Jesus deu uma lição para Seus seguidores. Seu exemplo nos mostra como devemos tratar aqueles cuja fé é fraca, e põem suas dúvidas em destaque. Jesus não esmagou a Tomé com censuras, nem entrou com ele em discussão. Revelou-Se ao duvidoso. Tomé fora muito irrazoável em ditar as condições de sua fé, mas Jesus, por Seu generoso amor e consideração, venceu todas as barreiras. Raramente se vence a incredulidade pela discussão. Antes, isso como que a põe em guarda, encontrando novo apoio e desculpa. Mas revele-Se Jesus, em Seu amor e misericórdia, como o Salvador crucificado e, de muitos lábios antes contrários, ouvir-se-á a frase de reconhecimento, proferida por Tomé: "Senhor meu e Deus meu!"Mente, caráter e personalidade, pg. 499, Ellen G. White.

“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não
viram e creram”. João 20; 29. Sem ver ou tocar, o simples crer faz confiar nas
promessas que Ele fez. A fé modifica vidas, fortalece as muralhas da esperança e
acalenta as vitórias.

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