Prevenção é meta do Proerd

Elkeane Aragão e Isis Ribeiro

Rogério Prado é soldado da polícia militar em Cosmópolis, interior de SP desde 1997. Graduou-se em Letras pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, Unasp e fez especialização em segurança pública. Há seis anos atua como instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência, o Proerd.


ABJ Notícias - O que é o Proerd e como ele funciona?

Prado - O Proerd é um programa eminentemente preventivo da polícia militar, feito com base no DARE América dos Estados Unidos. Lá começou em 1983. No Brasil, a idéia foi implantada em 1992 por policiais do Rio de Janeiro. Hoje, o programa é realizado no país e os estados que participam são Minas Gerais, Paraná e São Paulo. O policial não é dispensado das suas funções para aplicar o Proerd e sim, disponibilizado para atuar nas escolas. Vale à pena lembrar que o policial é um voluntário para realizar o programa. Quem tiver interesse pelo programa deve entrar em contato com a polícia militar do seu estado. O Proerd é uma parceria da Secretaria de Segurança Pública com a Secretaria da Educação. O órgão militar entrega um material de apoio para o policial, para a realização das atividades em sala de aula. Cada aluno recebe uma cartilha didática.

Qual o público alvo do Proerd?

Prado - Em Cosmópolis trabalhamos com alunos da quarta série, ensino fundamental, mas em outras cidades o trabalho também é feito com crianças da quinta e da sexta séries. A faixa etária é de 10 a 12 anos.

Como surgiu a idéia de implantar o Proerd em Cosmópolis?

Prado - A polícia militar do estado mandou um documento falando sobre o programa. Houve interesse por parte dos policiais daqui, então fizemos um curso de capacitação e fomos credenciados como instrutores. O Proerd existe na cidade de Cosmópolis desde 1999.

Qual é o tempo de duração do programa e como é feito o encerramento?

Prado - O programa dura três meses. São 10 lições uma a cada semana. No final, fazemos uma formatura com parceria da direção da escola. É uma festa! Nesse dia, temos a presença dos pais e de autoridades. Com a ajuda de patrocinadores entregamos um certificado de conclusão do curso e uma medalha. É um dia especial para a comunidade e para os policiais que atuaram no programa, pois desmistifica a aversão que muitas pessoas têm de policiais. Afinal a nossa principal função como instituição é ajudar as pessoas

Ele é vinculado a alguma instituição religiosa?

Prado - As entidades religiosas apóiam, mas não tem nenhuma ligação direta. Já foi realizado na Escola Adventista de Artur Nogueira e na última formatura, entre as autoridades locais, um padre estava presente.

O fato de você ser cristão influencia nesse trabalho?

Prado - Influencia muito. Em meu trabalho tento deixar claro para os estudantes que eles têm poder de fazer as próprias escolhas. Falo bastante sobre influências. Sei que sou um modelo positivo e a cada aula eu também cresço, como cristão e ser humano. Minha comunhão com Deus faz com que eu desenvolva um amor por eles.

Que tática você usa para falar de Deus com as crianças?

Prado - A metodologia do Proerd é o construtivismo. Trabalhamos a cidadania e auto-estima e isso dá abertura para falar de Deus. Uso a tática da conversa. Por meio de dinâmicas, as crianças reconhecem o valor de Deus em suas vidas. Cada lição traz uma reflexão. Elas entendem que podem dizer não a uma oferta de drogas ou bebidas alcoólicas.

Como era a sua vida antes de trabalhar no Proerd?

Prado - Apesar de eu ser cristão, às vezes freqüentava alguns bares e bebia socialmente. Mas quando comecei a participar do Proerd parei de ir aos bares que freqüentava, pois falava sobre os malefícios da bebida alcoólica em sala de aula. O convívio direto com as crianças me ensina muitas lições. Suas histórias emocionantes contribuem para o meu crescimento pessoal. Esse programa tem uma grande influência, pois, o que a gente faz agora ecoa na eternidade.

Você aplica as lições do Proerd na educação de suas filhas?

Prado - Sim, aplico as experiências que tenho no Proerd em casa. Uma das minhas filhas já fez o Proerd. Foi com outros instrutores, na cidade de Americana, SP. Nesse trabalho, se cultiva a paciência, o amor, a prática da escuta ativa. Com isso, aprendi a dar valor ao que minhas filhas têm pra falar. Isso me ajudou a crescer como pai e como pessoa, pois aplico essas lições também com outras crianças e adultos que estão ao meu redor.

Quando você ingressou na polícia militar seu objetivo era trabalhar com algum tipo de trabalho social?

Prado - Não, quando entrei na polícia não sabia da existência do Proerd. Eu só queria ser um policial comum. Mas um amigo que é policial em Artur Nogueira me falou sobre o programa. No início não entendi o valor do Proerd e fiz o curso somente para fugir da minha rotina. Mas o programa foi surpreendente. Estou muito feliz por realizar esse trabalho e pretendo fazer isso até quando Deus me der forças.

Que dificuldades você encontra pra realizar o projeto?

Prado - As mesmas dificuldades que alguns professores enfrentam. A ausência dos pais, crianças muito carentes sem referência alguma, indisciplina e classes lotadas com 40 alunos. Outras dificuldades são com a grade curricular e atividades normais da escola. As reuniões do Proerd são uma vez por semana.

A polícia militar desenvolve mais algum tipo de projeto social?

Prado - Sim. Existem muitos projetos sociais dentro da polícia militar que não são muito divulgados. O Proerd é "a menina dos olhos da polícia militar" e muitas pessoas não conhecem. Os projetos sociais que a polícia militar desenvolve são policiamentos preventivos. É função da polícia militar evitar os problemas que existem hoje. Outros programas são o Jovem Construindo a Cidadania, JCC e o Bem-te-vi. O primeiro com alunos do ensino médio, estimulando-os a serem facilitadores e multiplicadores de boas obras. Ensinamos a eles passarem adiante a experiência positiva que tiveram ao dizer não as drogas e bebidas alcoólicas às crianças do ensino fundamental, asilos, orfanatos e outras instituições sociais. O segundo é da policia militar rodoviária relacionado ao trânsito. Existe também o Proerd para os pais. Eu ainda não estou autorizado a aplicar esse curso, mas acredito que seja muito edificante e ajude muitas famílias.

Como você define a importância do Proerd para a comunidade sendo que é aplicado também para pais?

Prado - Muitas pessoas falam que ele vem só pra somar, mas é muito mais que isso. Para que a gente atinja o objetivo, tem de haver interação da polícia, dos pais, e da escola, então eu defino como algo imprescindível pra sociedade. O efeito que o programa causa nas crianças é incrível. Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, USP, sobre o Proerd constatou que a maioria das pessoas que passaram pelo programa não aderiu ao uso de drogas e bebidas alcoólicas. O Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas, Cebrid, faz pesquisas todos os anos e os resultados recentes são de que a maioria dos jovens que passaram por projetos sociais como este, se afastam das drogas.

Você consegue imaginar sua vida sem o Proerd?

Prado - Não. É um programa muito envolvente. As crianças se apegam e você se apega a elas também. Elas falam muito sobre o programa para os pais e familiares, e estes se interessam em conhecer os policiais. Eu não imagino a minha vida sem o Proerd. Se não tivesse na cidade eu iria buscar em outro lugar, faria qualquer coisa para implantá-lo aqui em Cosmópolis ou em qualquer lugar que eu morasse.

Que conselho você daria para alguém que estivesse interessado a se dedicar a algum projeto social?

Prado - Como profissional, instrutor do Proerd e cristão, aconselho qualquer um a participar de projetos sociais. O maior beneficiado de qualquer projeto social é quem o aplica. Aprendi a ser mais paciente e amável com as pessoas nas minhas atividades policiais, importar mais com as pessoas. Este é um dos objetivos do programa e da própria polícia militar. Um dos lemas da instituição é: Polícia e comunidade juntos por um bem comum", então se alguém quer dar um novo sentido para a vida deve participar de algum projeto social.

Sua família apóia você no programa?

Prado - Sim e gostam muito. Minha irmã também participou do Proerd na escola em que estuda. Todos entendem, pois vêem o carinho que as crianças tem por você. Para elas você é um herói e isso é contagiante.

Texto publicado originalmente no ABJNotícias

2 Girassóis:

Rede Voluntária disse...

Ola Isis! Assim como o Rogério Prado eu estou também no PROERD e acredito na verdadeira prevenção e parabéns por divulgar essa idéia do PROERD.
Cabo Samuel Rodrigues, estou no:
http://meus-encargos.blogspot.com/

big abraçux

Anônimo disse...

ESTOU CONSTRUINDO MEU TG- TRABALHO DE GRADUAÇAO, ESTOU CONCLUINDO O CURSO DE PEDAGOGIA. MEU TG TEM O TEMA VOLTADO PARA O PROERD. E GOSTARIA DE SABER O ENDEREÇO ELETRONOCO DO PRADO PARA CONVERSAR SOBRE O PROGRAMA. AGRADEÇO, A ATENÇAO. DIANE